quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

no chão

agora com os batimentos menos acelerados..
as mão não mais suadas..
guardo os impulsos no bolso, bem do lado de onde guardei aquela vontade incontrolável..
com mais calma lembro, dessa vez com menos aperto..
volto a não crer em vontades desesperadas e madrugadas sem fim..
tudo é verso, poesia, papo furado..
mudo a trilha sonora.. pra ver se muda..
tiro o sapato, pés no chão.
ai meu Deus!

mas em sussurro, eu sei..
você foi diferente em mim..





Bárbara Jorge



domingo, 27 de novembro de 2011

Recuo


Quando está por perto minhas verdades ficam adulteradas,
me prendo,
recuo,
as vezes me escapam algumas sinceridades,
tudo involuntário.
Queria poder te deixar me conhecer,
há em mim outras mulheres.
Sei, não devo te querer mais perto
me protejo de mim, agora dei pra ser assim,
uma pessoa que tem medos.
Disfarce mal feito, eu tento
mas não há quem não note,
tô de riso frouxo.





Bárbara Jorge

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Esse não é de amor.

Não percebi o fim da primavera.. não vi a chuva que acabou de cair, não sei se está frio ou quente la fora, a temperatura aqui dentro é sempre a mesma, essa madrugada deu uma esquentada, mais as janelas continuaram fechadas, se não fosse pelo relógio não saberia que o dia já virou noite, a cortina fechada não me permite.. não me permito, não por falta de querer, as vezes pela noite abro a janela um pouco, mais só as vezes, quando o cheiro de quarto fechado.. roupas de cama não muito limpas e cigarro, começa a ficar forte. Hoje pela manha vi uma fresta de luz do sol aqui dentro, como ha tempos não via, quase levantei pra fechar a cortina correndo.. mas.. pessoas com sardas ficam mais bonitas no sol.
Agora já é verão, na verdade não sei direito se já é mesmo, e a única coisa em que presto atenção são nesses livros velhos que peguei pra reler alguns trechos que gosto ou que ainda procuro entender, estão todos aqui jogados, alguns perto da cama outros ao meu lado, as cortinas e agora também a porta continuam fechadas, assim a parte eletrônica das musicas do Arto entram melhor nos meus ouvidos e dão um tipo de chacoalhada gostosa no meu cérebro ( isso é verdade podem tentar fazer em casa) enquanto escrevo. Voltando a cortina e a janela.. na verdade... ... na verdade eu ainda não sei porque não consigo abrir.. apenas não gosto.. não abro..

A pizza chegou!,. e sim.. vai ficar sem um final..






Bárbara Jorge

domingo, 13 de novembro de 2011

VOZ

Orelha, ouvido, labirinto:
perdida em mim a voz de outro ecoa.
Minto:
perversamente sou-a.

(Antonio Cicero)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Louco engano

Eu sei.. pensamentos femininos são sempre mais férteis que seus próprios úteros...
Eu não sei quando foi... nem sei se foi.. mais nos perdemos há alguns dias, estou até acostumada, porque no fim das contas sempre nos encontramos novamente em nossas sinceridades doídas ou divertidas. Mais por algum motivo, dessa vez eu sinto algo diferente em sua falta.
E por mais que isso não esteja me tirando sorrisos, ao mesmo tempo tem uma certa ironia envolvida, pense.. logo eu, logo eu que nunca me abro pra ninguém facilmente, eu que nunca me mostro tão fácil, eu que pouco falo sobre minhas fragilidades, eu que brinco com sentimentos como quem brinca com uma bola de chicletes, eu que pouco falo, e quase nunca demonstro nada, eu que sou motivo de apostas baratas.. logo eu .. sim eu!.. Essa coisa de ser confusa eu já até me acostumei, mais o fato de pensar que alguém pode me fazer falta? Não.. com isso eu ainda não me acostumei.
Distancias não me incomodam, não mesmo, o fato é que... se você não quer, eu entendo, se você quer muito eu entendo também, se você quer só as vezes eu também entendo, mas essa coisa de cada dia demonstrar um tipo de querer, não da.. porque a minha cabeça por mais que seja raspada ainda sim é uma cabeça feminina, e eu fico aqui confusa e frustrada com seu sinais tortos, um dia você me convida pras férias, em outros você me da entender que só está comigo por ser o ultimo solteiro dos amigos, e no outro me diz ser o super solteiro, porra! Não há cabeça que aguente essa confusão.
Assim como preciso de algumas dúvidas pra seguir, também preciso de certezas, só dúvidas não alimentam nada, você me entende?
Porque tenho me sentido um pouco como sua válvula de escape, e não ligaria de ser uma, desde que você me deixasse claro que estou sendo. Já usei pessoas como válvula de escape, mais sempre deixei claro o que elas eram pra mim, eu gosto da sinceridade, e você já sabe disso.
E é exatamente isso que me intriga, você já sabe que sinceridade nenhuma me machuca, porque só o fato de estar sendo sincero já me faz bem de alguma forma, e você é tão sincero em tudo, mesmo quando não precisa ser.
E sabe o que é o maior problema? Mesmo com essas frustrações na minha cabeça, as únicas coisas em que consigo me lembrar.. são das poucas coisas doces que falou, das sinceridades gargalhadas, e daquela sua mania de me tirar os melhores sorrisos que guardo.
A verdade é que eu tento, tento ser igual sempre fui, mais nessa brincadeira de tentar me envolver direito com alguém, eu acabei me convencendo de que estou realmente envolvida...






"Desligo você
nus, deslizamos

Existo em você
por louco engano"


Bárbara Jorge






sábado, 22 de outubro de 2011

sobre um toque

Se ainda não consigo explicar você pra mim.. eu apenas aceito e agradeço..
Começou com uma brincadeira.. quando dei por mim você ja estava aqui sentado no meu quarto, foi tudo rápido de mais, o primeiro encontro, o primeiro beijo, a primeira...
tudo tão bom, porque você não sabe.. mais você é tao especial de um jeito seu... você me deixa com o riso frouxo rs.. e tenho que dizer que eu gosto do seu jeito sistemático de separar os pedaços que tem gordura no feijão amigo, gosto de te ver conversando igual criança com o seu cachorro, e reso pra que nunca fale assim comigo rsrs, gosto de fumar no seu ventilador (é o máximo ver a fumaça saindo pelo outro lado), gosto do nosso jeito discreto, gosto do jeito que você chega em mim, gosto do nosso beijo e do jeito que você me toca.. aaa o seu toque.. poderia escrever um texto inteiro só pra falar do seu toque, é ele o que mais me encanta, não sei se tem como explicar.. mas você me toca de um jeito diferente, é um toque delicado que me da um arrepio bom.. inteiro.. me deixa sem rumo, é como se sua mão combinasse com a minha pele, como se eu fosse mais sensível ao seu toque, como se...
Gosto também da sua regra dos dois dias seguidos rs, gostei de brincar com a sinceridade, e gosto do jeito que você me faz rir.. e como você me faz rir, e por ultimo gosto de reparar o tanto que seu pé é mais branco que o meu rs..
gosto de pensar sobre você e a Bahia..
gosto de imaginar que isso é um início..

e por favor.. não saia correndo.



Bárbara Jorge

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

sou eu

Eu omiti algumas coisas, mais não deixei de falar nenhuma verdade, era tudo aquilo mesmo, exatamente como foi dito. Não cabe a mim, pelo menos não por agora, tentar driblar distancias, e tapar os olhos pro meu redor, acho que já te disseram que eu não sou muito do tipo que espera as coisas melhorarem.. rs.. se tem alguma coisa me incomodando eu apenas pulo essa coisa.. e fico apenas com a parte boa, eu sei.. eu sei.. talvez isso seja egoísmo da minha parte, mais não aprendi a ser de outro jeito. Tenho que te dizer que ser libriana é uma das coisas mais difíceis da minha vida, pra eu tomar uma decisão dessas eu passei pelo menos duas semanas pensando apenas nisso, por esse motivo fiquei um pouco fora do eixo por esses dias.. essa coisa de ser confusa é muito confuso, mais ja me acostumei. Aaaaa claro ja ia me esquecendo.. tem também aquela parte de todo libriano de pesar as coisas na balanca, o que me faz facilmente tirar algumas coisas que estão pesando de mais um lado só, preciso do equilíbrio se não não respiro direito. Esse lado de ca da vida não conseguiu entrar em harmonia com esse lado daí, eles ficaram mais distantes um do outro, do que a própria distancia (em quilometros) que ja havia, e mais do que nunca eu me sinto tão aqui, não quero ter que ir pra outro lugar apenas pelo fato de TER que ir, entende?
O fato é que não consigo viver duas vidas ao mesmo tempo, ou elas viram uma só.. ou uma delas só vai poder ser vivida vez ou outra.



Bárbara Jorge

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

sem

Eu não sei quando foi, mais me perdi em mim, e agora tento me reconstruir mais não sei por onde começo, é como se eu não estivesse aqui no momento em que tudo virou um caos, esse processo de me refazer deve ser algo difícil mais acredito que tenha uma certa beleza envolvida.. refazer pensamentos e ver onde eles vão parar dessa vez, colocar no lugar algumas coisas.. pessoas.. que estão invertidas, parar de rastejar os pés e começar a dar saltos longos, não maiores, mais do tamanho que minhas pernas conseguem dar (e elas são longas rs), refazer em mim pessoas que deixei ir por um simples medo, e ter coragem pra deixar outras por mais que não ache defeitos nelas..
sei que esse monte de coisa não se faz da noite pro dia.. mais com calma.. essa é a palavra que ando precisando, calma, e chega... porque detesto texto de alto ajuda!



Bárbara Jorge

terça-feira, 20 de setembro de 2011

então ..

Sabe.. eu sempre falo sobre o silencio que nos ronda, sobre o quanto eu gosto disso, gosto de saber sem palavras como você está, como nós somos, acho que a falta das palavras deixam as outras coisas maiores, o toque.. o olhar.. o sorriso, mas tenho que te dizer que as vezes quando estamos longe essas palavras fazem falta, não saber de você anda me agoniando um pouco, e vez ou outra me pego pensando em como estou com vontade de socar sua cabeça na parede pra ver se assim você aprende.. rs, tento me acostumar, mais preciso de uma vós, só pra me dizer se fico aqui ou se posso ir pra outros lados, porque a minha cabeça por mais que seja raspada ainda sim é uma cabeça feminina, e fico aqui pensando e mirabolando mil e um motivos dessa sua ausencia momentânea, sei que não sou a pessoa que mais te liga no mundo, sei também que falo menos que deveria..
mais porra!.. isso não significa que você tem que ser igual a mim.
Nós só sabemos falar quando estamos perto, só nos entendemos no toque, no olho, mas aceitamos viver com a distancia, agora temos que dar um jeito de fazer um pouco de barulho enquanto esperamos pela próxima visita.



Bárbara Jorge

domingo, 28 de agosto de 2011

nós

eu queria lhe falar sobre saudade.. sobre a falta que sinto..
dizer que esses dias, eu ando sentindo mais a falta do seu beijo..
dizer o quanto fico agoniada sem saber do que você sente...
o quanto tudo isso pra mim é inesperado.. não só pelo fato de nunca eu ter te olhado com outros olhos.. mais também por isso ter ido a diante..
te dizer o quanto acho que somos parecidos.. e ao mesmo tempo o tanto que somos opostos.. poderia ate arriscar a dizer, que somos iguais e diferentes na medida certa..
dizer que queria que você se mostrasse mais pra mim..
dizer da falta dos nossos abraços e do excesso do nosso grude quando estamos deitados vendo televisão rs
dizer que posso parecer fria as vezes, mais é mentira..
dizer coisas normais que pessoas que relacionam dizem.. dizer o quanto de adoro.. nós nunca falamos sobre sentimento..
dizer que aquelas palas de rir quase nunca acontecem sem voce por perto..

sabe porque não digo? Porque tenho medo de que seja diferente..
na verdade eu gosto de não saber direito o que você sente.. gosto de me ver buscando sentimento em você.. gosto do seu jeito de nao dizer.. gosto de sentir calada a falta do abraco, e de dar aquele sorriso discreto sem q vc veja toda vez que você gruda em mim enquanto vemos tv.. gosto da ideia de você me achar fria as vezes.. gosto de não falar sobre sentimentos.. sempre dei mais valor pro gesto do que pra fala.. gosto de saber que você acha que dou risada de tudo mais na verdade.. estou dando risada de você.. pra você.. é um jeito meu de tentar dizer sem palavras o quando é bom estar com você..

É que na verdade.. eu adoro nós dois exatamente como é quando somos só um.




Bárbara Jorge

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

indiscreta

É o seu jeito de passar rapidamente e me dar aquela olhada discreta, como se esse olhar me provasse que mesmo não estando sentado ao meu lado, você esta ali comigo..
o jeito de chegar devagar sem susto.. e vir chegando.. chegando.. e quando vejo estamos deitados um no outro..
É também aquele jeito de me dar um beijo sempre quando não estou esperando..
E o seu silêncio que me fala alto toda vez... é só você se calar que me vem na cabeça milhões de vozes tentando decifrar seus sinais mudos.. que por diversas vezes fala bem mais que sua própria voz..
São esses seus jeitos.. ou a falta deles.. que me faz ter sempre vontade de estar por perto.
E no meio disso tudo me veio uma saudade indiscreta do seu jeito de virar pro lado quando toca o despertador..



Bárbara Jorge

domingo, 31 de julho de 2011

texto de bolso

É aquela época do ano em que sinto saudades exacerbadas.. em que não sinto vergonha das saudades declaradas.. e as saudades sentidas me deixam mais sem lugar do que de costume. Talvez seja porque é a época em que mais fico sozinha com meus pensamentos.. a época em que descubro mais a realidade sobre o que sinto... é a minha fase de saber o que se passa comigo... e no fim eu descubro que sou só saudade.. daquelas mais desmedidas e sem vergonha.


Bárbara Jorge

domingo, 17 de julho de 2011

texto de bolso

você não diz quase nada... seu silencio me responde quase tudo que preciso.. seu olhar me mostra que mesmo distante você está por perto.. seu corpo me deixa claro o que é uma sintonia muda.. seu toque me faz silencio... e é assim quase sem palavras que nos entendemos..



Bárbara Jorge

segunda-feira, 6 de junho de 2011

insônia

Preciso te confessar.. dormir com o ventilador ligado em pleno inverno , é apenas a mais leve das minhas "neuroses"... além disso tem outras pequenas coisas.. sempre durmo com um pé ou os dois (depende da temperatura) pra fora do edredon, sempre almoço com as pernas pra cima da cadeira, conto o mesmo caso vaaarias vezes achando sempre que estou contando pela primeira vez, ajo estranhamente quando sinto falta da minha "liberdade", sou muito impulsiva, a Bárbara fora do blog é bem menos (ou quase nada) melosa.. alguns dizem ser até insensível (mais nisso eu não creio), talvez eu seja fria, mais tenho trabalhado para não ser, não consigo dormir de "conchinha", quando estou bêbada tenho a capacidade ridícula de mandar mensagem de texto e apagar logo depois do envio, porque já sei que vou me arrepender no outro dia e assim não vai ter como eu saber o que mandei, mais que porra de raciocínio bêbado que é esse? Eu juro que não entendo.
Tem mais umas outras coisas.. tenho tido problemas pra dormir, e a culpa é toda sua, agora me conta.. qual a parte de ser homem que impede vocês de dizerem o que sente? Qual é a dificuldade em deixar as coisas claras? Tira o pé da minha janta né meu amigo?! Ou me deixa ir, ou me faz ficar de uma vez, mais não faz mais isso de ficar calado. Você vem, me trata super bem, me mata de rir, vai embora e deixa a minha cabeça nessa confusão toda, até o dia em que resolve aparecer de novo, faz as mesmas coisas, não me diz nada novamente, e fico eu aqui tentando traduzir seus sinais pra ver se acho alguma resposta para as minhas perguntas que nem sei se cabem de existir em meio a isso tudo, que também não sei se é isso tudo, ou é nada, ta dando pra perceber o tanto que minha cabeça anda perturbada? Eu só estou querendo saber se continuo alimentando isso ou não, é apenas isso.

Vamos fazer o seguinte, se for pra me deixar ir, então me deixe ir logo, mas ao se despedir faça o favor de não sorrir, porque se não eu volto correndo e te convenço que meu sorriso é mais bonito ao lado do seu.


Bárbara Jorge

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Trabalho final


Meu corpo é como uma exposição em movimento, cada tatuagem que tenho é um tipo de obra permanente exposta em mim. Cada uma de minhas tatuagens tem um significado especial, as asas representam a liberdade que logo cedo meus pais me apresentaram, deixando claro que para conquistá-la bastava eu querer, é como se eles tivessem me dado as asas e eu só precisasse aprender a voar. Os mapas do Estado de Goiás e De Minas Gerais representam meus pais, minhas raízes de uma certa forma, filha de pai goiano e mãe mineira, nasci em Minas mas sem dúvidas metade do coração é goiano, talvez pelo fato de ter uma grande família por la e passar quase todas as minhas férias em Goiás, amo de verdade aquele estado como se fosse um pouco meu, assim como Minas, Goiás também faz parte de mim. O texto, é uma poesia que meu irmão fez pra mim, representa o amor maior, amo meu irmão da mesma forma que amo meus pais, mas a lei da vida é: os pais morrem antes dos filhos, o irmão é aquele que vai seguir a vida comigo até o fim, o cúmplice, o companheiro.

. Eu sou uma função de infinitas variáveis, variáveis essas que são as enumeras relações que estabeleço com as pessoas, cada nova relação que estabeleço modifica o resultado das minhas ações de alguma forma, sou também uma variável nas funções que são as outras pessoas. As modificações que nosso corpo/espírito sofrem ao longo da vida, apenas o fato de estar vivo, de conhecer lugares, pessoas já nos modifica, sou um objeto dinâmico, o meio em que vivo me faz estar em constante modificação, ao mesmo tempo que minha constante modificação modifica o meio. O fato de viver me modifica constantemente!



Bárbara Jorge

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Algo desconhecido.


Os meus olhos, sem o movimento constante de minhas pálpebras, já estava dilatado. Já não conseguia sentir minhas pernas, e mesmo que eu tentasse, ela já não obedecia aos meus comandos. O meu estômago ficou vazio, fazendo-me sentir insaciável de algo desconhecido. A minha consciência já não me pertencia, estava solta, jogada, perdida, estava alí mas não estava.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Somente

Não percebia quando o desconforto era emocional: era o estômago que doía, a boca que secava, eram as mãos frias.Não era raiva, não era angústia, não era medo.Para ela era físico, nunca o emotivo. Dizia “adeus”, assim, como quem dispensa a sobremesa pra tomar um chope.Dizia “sim” ou “não” como quem escolhe a cor do esmalte.
Um dia, quando bateu o vazio, elaborou rapidamente uma saudade. Mas não sabia de quem, de onde, do quê. Não precisava. Era ela e a saudade de qualquer coisa que ela trocou por um chope, de qualquer noite que ela substituiu por uma tarde, de qualquer emoção que ela nem se lembrava mais. Mas que trazia uma certa languidez pro olhar e uma tensão pra expressão facial que ela pretendia.






eu ando vazia.. ando elaborando saudades..




marla de queiroz

segunda-feira, 11 de abril de 2011

o olhar dele sorriu pra mim

Ele transforma seus 21 verões em canção, convida pra ir em uma outra constelação, e ainda tem a audácia de falar que é necessário levar apenas o que precisa pra mente e pro coração. Mesmo com aquele frio, aquela chuva e toda minha tpm eu consegui enxergar seus olhos.. foi quando vi aquele olhar sorrindo pra mim.. tentei olhar sorrindo mais acho que naquele momento meu olhar só mostrava frio... tentei colocar entre as palavras a vontade de um beijo mais não consegui, era como se seu olhar me intimidasse... e isso me fazia ter vontade de saber mais..
Sentados ali naquele teatro eu nem consegui prestar muita atenção no que via.. sorria por dentro toda vez que sentia sua cabeça virando em minha direção (eu sei que isso é ridículo ok?), vontade de sumir daquele lugar com você.. te descobrir de alguma forma.
O tempo passava e nada acontecia de verdade.. eu ja tava ficando sem saber o que fazer, foi quando você veio se despedir.. despediu uma vez... e nada, despediu de novo.. e nada, e eu la.. parada, sem saber novamente o que fazer... percebi o seu olhar em mim.. imediatamente abri um sorriso, era minha ultima tentativa, dessa vez você me entendeu... e veio.. um beijo, e eu vim.. eu e o beijo.




Bárbara Jorge

domingo, 27 de março de 2011

você não sabe.


você não sabe mais nada sobre mim... não sabe que aquele aperto no peito diminuiu.. que cortei o cabelo.. que tenho estado quieta, concentrada numa vida menos tranquila, sem aquela necessidade toda de ter alguem por perto... você não sabe o que ando lendo.. quais são meus novos assuntos.. que meu filme prefirido não é mais o mesmo.. que ando gostando mais das matérias em que tenho que usar o compasso e o escalímetro.. não sabe que ando pensando menos em você, mais guardo algumas curiosidades a seu respeito, como esta seu cabelo, ou se aquele seu olhar continua cheio de vida... você nao sabe como ando inquieta tentando organizar todos meus projetos.. tentando arrumar um estágio... tentando ser menos o que eu era, pra ver se consigo ser mais o que quero ser... você não sabe que não tenho mais aquela vida social agitada.. mas mesmo assim ainda tenho aquele cheiro forte de cigarro.. você não sabe que nunca mais me atentei pra saudade.. que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável... você não sabe por mim.. hoje percebo o quanto mudei, e você não sabe sobre nada disso... não sabe que tenho estado só, mas sem a devastadora sensação de me sentir sozinha...
você não sabe mais.




terça-feira, 22 de março de 2011


...
Contudo, para quem esperava uma influencia lunar mais direta do que o normal... “O que posso dizer é que, dependendo do ponto em que esta lua toca no mapa de cada um, existirão oportunidades especiais de entrar em contato consigo mesmo, com suas emoções, com suas necessidades emocionais. Afinal, a Lua representa o nosso campo de nutrição emocional”, confirma Mônica, ressaltando que: “No dia 20, o Sol entra em Áries e também comemoraremos o Ano Novo Astrológico. Portanto, os dias 19 e 20 podem, sim, ser considerados dias especiais”.

Ô lua!



domingo, 13 de fevereiro de 2011

ainda lembro

Ainda adoro você. Não sei por quê. Talvez seja porque o seu olhar me fazia dançar melhor. Ou porque ninguém mais me chegou com aquele cheiro adocicado no meio de tantos outros, em harmonia com todos os azuis(...)E, atrás dos seus passos largos,no jardim de insônia que você deixou, foi onde melhor escrevi as minhas saudades. Hoje, debaixo do sol e com a cachoeira ao fundo, ainda é por você que eu espero.E se eu pudesse dizer tudo o que já escrevi e calei, seria com uma voz mansa e aveludada: sem os suspiros de horror do início, mas com o mesmo desejo, embora um pouco mais sossegado com o tempo. Tempo que só encheu de poeira sem conseguir apagar(...)Hoje os meu afeto é discreto, e minhas taquicardias semi-ausentes.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

pela vida

Eu transito pela vida, antes doida que doída:
tão sem dono, tão sem rumo, tão sem memória.
Entro em becos, bares, corações.
Saio intacta, sem impacto, saio rápido.
Quem desenha meus caminhos são meus passos.
Quem desenha meus amores são as minhas conveniências.
Eu transito pelas ruas, toda em cores;
Mas escrevo meus amores: antes doida que doída.













Marla de Queiroz

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

muro


Talvez a verdadeira intimidade eu só tenha buscado com as palavras, e tenha me entupido delas no momento em que poderia estar aprendendo alguma coisa com alguém. (Faço um muro de palavras entre mim e as pessoas.)


Talvez eu tenha nascido para uma vida desapaixonada. Talvez eu nunca tenha olhado verdadeiramente o outro, e só tenha visto o texto pronto que criei pra ele. Talvez eu não conheça o que julgava conhecer. E isso me entupiu de certezas que eu não soube abandonar ao longo do caminho.


Uso palavras para não sofrer, para plagiar uma dor, pra fingir que sou leve e que está tudo bem. Uso palavras pra falar de uma chuva que talvez eu não conheça porque não me permiti ficar encharcada dela. E ela virou a metáfora de um relacionamento_ o que pode ser tristemente poético.


Talvez eu só tenha sentido saudade pra falar de outras coisas. Pra usar a palavra "saudade" mesmo, que eu adoro. Acho que estou muito cansada. Falei demais das coisas e , no entanto, não toquei verdadeiramente em nada. Observei e descrevi, cheia de filtros semânticos. Dentro da minha limitação eu interpretei o Universo para que eu coubesse nele, em mim. E alienei as pessoas dentro de conceitos. E arranjei um sentimento pra cada coisa. E pensei que assim, tudo estaria em ordem, sob controle.Eu que me julgava não julgadora, me considerava livre, agora tendo que empurrar as grades dessa prisão de certezas que criei pra mim. Sem poder culpar ninguém. Usando um discurso de alguém que não quer magoar o outro pra descobrir que no fundo só me importei comigo mesma e com os meus medos. Não deixei que o outro experimentasse o que havia de melhor ou de pior em mim. Não deixei que ele escolhesse.Mantive o muro de palavras e o meu discurso pronto pra continuar a salvo do outro lado. Eu que sempre falei de pontes...



texto da marla de queiroz, com pedaços meus pra eu conseguir me axar mais do que antes dentro do texto.. rs