terça-feira, 15 de outubro de 2013

Não lamento

Depois de tanto tempo, chegou aquele momento em que tudo que se sente vem sem dor, aquela batida descompassada ainda me pega algumas vezes por dia, mas não mais me machuca, aquele cheiro de vazio ainda permanece fortemente no ar, mas nele não tem mais desespero, ainda acordo todos os dias com aquela vontade imensa de tomar o primeiro voo, é, esse sentimento ainda não mudou nada... Sinto tudo até hoje como no primeiro dia que cheguei aqui, mas a tristeza não me pega mais, é como se eu estivesse anestesiada, ainda sinto que me falta algo, e que nenhuma completude me aparecera tão cedo, sinto faltar o ar cada vez que me vem na cabeça aquelas nossas doces lembranças, sinto tudo, mas não sei mais sentir dor, é como se tivessem me feito esperançosa demais, e quando penso em nós, não lamento, apenas fico imaginando se você vai deixar a barba crescer pra me esperar chegar...
É como se o reencontro fosse fato, e a felicidade algo que nunca sumiu daqui.



Bárbara Jorge

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Fragmentos daqueles sinais

Talvez de todas as dores de um amor, a dor maior seja a de não poder estar junto, não porque o casal não quer, não porque não se gostam, não porque um magoou o outro, simplesmente não estão.. porque não ha como estar, e na minha cabeça isso deveria matar o amor, a distancia deveria obrigatoriamente dissolver o sentimento amoroso por inteiro. Mas não dissolve, e qualquer sinal de fumaça vindo do lado de lá da distancia, toma um tamanho muito maior do que deveria,  e tudo que até então fazíamos esforço pra esquecer, passamos a fazer esforço pra que se reconstrua...

Porque, porque você me deixou ir? Porque nos últimos dias aquela vontade de ficar junto pra sempre sumiu dos seus olhos? E porque logo agora ela voltou a aparecer ai?

Desde os seus últimos sinais, eu nos reconstruo na minha cabeça a cada dia, mesmo sabendo que isso não passa de loucuras da mente, eu não me canso, e nos refaço a cada meia hora, nos refaço sorrindo, beijando, transando, casando.. refaço até nas brigas, no nosso não casamento, no seu ciume que me irrita e em mais um monte de momentos que quando vivemos parecem ser tão ruins.. mas agora que não os tenho, vejo o quanto uma briga daquelas, cheias de ofensas, pode se tornar a coisa mais linda do mundo quando olhada por um outro angulo, porque se ha brigas é porque não ha nada ali além de amor.

Tentei te evitar, mas não tem jeito, sempre algo me leva até você... nem que seja, por um milagre, você mesmo me buscando de volta. Eu sou entulhada de incertezas, e o que mais me desespera é pensar em você como uma das poucas certezas que tenho, mesmo com 500 setas indicando pro atlântico e apenas uma apontada pro pacífico.

Eu apenas acho, que dentro dessa historia cabe apenas um oceano.










Bárbara Jorge

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ela foi

Quando ela foi embora dele pela primeira vez, os dois se despediram por toda uma noite, tendo certeza que aquilo passaria, e que aquela despedida era apenas para uma pausa e não para um término.
Quando ele foi embora dela pela primeira vez,  eles não se despediram, ele juntou silenciosamente suas coisas, e não olhou nos olhos dela pra não motivar qualquer ato de desespero, a porta fechou falando alto, lagrimas caíram silenciosamente dos dois lados da porta. Eles viam ali o fim.
Quando ela foi embora dele pela segunda vez, eles se despediram por uma semana esperando a chegada do fim, depois do abraço ele a olhou sorrindo e a abraçou novamente, forte, doce.. e resmungou um "te vejo em breve". Ela saiu, engoliu o choro até a esquina, e agora tinham certeza, era esse o fim.
Quando ela foi embora dele pela terceira vez, eles se despediram por 4 dias sabendo que o fim finalmente, infelizmente, iria chegar, ambos já não suportavam despedidas. As lagrimas da dor de ir, pareciam ja terem sido gastas, as palavras também, eles se abraçaram em silencio, um abraço normal, depois de tantas despedidas "definitivas" era quase impossível de acreditar que aquela seria a ultima...
... Ela foi... esperando e desejando a quinta despedida. 














Bárbara Jorge

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Vai

Me veio esses dias uma vontade enorme de te deixar ir, de deixar que isso morra em mim, da mesma forma que dei liberdade pra que nascesse.. deixar morrer todas as formas que te tenho na memoria, deixar de ver tantas coisinhas lindas entorno de um "nós" que já não existe faz tempo, deixar de ser tola, burra, boba... tão mulherzinha, e parar de pensar em seus olhos como se fossem complemento dos meus, parar de te sentir tão perto antes de dormir. Ainda sinto o beijo, aquele que você me ensinava a dar pra dizer boa noite, e eu nem sabia que relacionamentos tinham regras, mas tem, e eu deixei que você me ensinasse como era, e segui as regras, aprendi a te querer todos os dias, a não me cansar de você, aprendi que pra dormir tem que dar um beijo de boa noite, e que acordar junto tem que ser sorrindo, mesmo que seja de mentira, aprendi essas e todas as outras regras que você inventava pra me ter mais por perto, aprendi a me apegar e ter necessidade do ser amado por perto, não é bem assim? Você tinha tanta necessidade da minha presença, que as vezes eu não entendia, mas naquela uma semana você calado me fez aprender o que é "não estar", quando o corpo nada mais queria que apenas "estar". E eu aprendi, e tanto o fiz pra te ver, nos ver melhor, que não soube me distanciar disso tudo no fim, essa parte você também tentou me ensinar, mas não deu tempo, e com a sobra de espaços entre nós, ficou ainda mais difícil de aprender. E agora desejo te deixar ir como quem nunca veio, pois agora me deixo sentir todo o seu abandono desajeitado, mesmo ainda te vendo em cada gesto meu.




Bárbara Jorge





segunda-feira, 10 de junho de 2013

Não somos nada.

Eu gosto do jeito que seu olho fica quando você olha pra mim de baixo pra cima. Gosto do nosso sorriso no meio de alguns beijos. Gosto da maneira que você ri das minhas sinceridades ao invés de se assustar com elas. Gosto de como você me acorda, e de como foi desajeitado, estranho e bom o nosso primeiro beijo. Acho totalmente estranho, mas adoro a sensação de querer sempre que você fique mais um pouquinho. Gosto do seu jeito de ser menino e homem ao mesmo tempo, e de como sabemos fingir sermos um casal desses de verdade. Adoro nossa intimidade instantânea e nossos momentos que já são tão nossos. Gosto de sempre rir de você, e de como nossos sorrisos ficam bem juntos. Gosto de saber que temos um dia marcado pra terminar nossa historia, e adoro a sensação de não saber se depois ainda teremos vontade de um novo inicio ou não. Adoro te afastar e te abraçar ao mesmo tempo, isso é o meu corpo dissolvendo a mentira que o meu cérebro insiste em dizer. Gosto de não ser baixinha rs, e adoro seu bigode que fica maior nas pontas. Gosto de sentir ciume de algo que não tenho. E o que mais gosto, é essa nossa liberdade sem tamanho, porque somos totalmente livres um do outro, não somos um casal, não temos nada com o compromisso, mas mesmo assim estamos sempre juntos, apenas pela vontade de estar, não somos nada, mas somos nós.

E que no fim... la em setembro, o tempo nos apague tão rápido quanto nos fez.







Bárbara Jorge

domingo, 3 de março de 2013







" Feito num traslo copiado de sonho, eu preparava os distritos daquilo, que, no começo achei que era fantasia; mas que, com o seguido dos dias, se encorpava, e ia tomando conta do meu juízo: aquele projeto queria ser e ação!"
- Guimarães Rosa-



Esses dias ando te sentindo mais forte, vez ou outra sinto minha respiração acelerada, o coração bate forte, de jeito que parece tambor de maracatu, a garganta seca, da um bolo la dentro, que parece que é vontade de gritar, mas não é, parece que é sede, mas não é, parece que é coisa presa mas não é, parece que vem mais de dentro, e ai já não sei se é ou não é..  e quando caio em mim, percebo.. é só você rondando por aqui mais uma vez..
Tinha certo na minha cabeça que essa coisa de paixão demorada em mim não pegava, ainda mais assim.. de longe, voltei com a certeza de que esses apertos aqui dentro iriam sumir antes do previsto normal para mim.. ou seja.. coisa de 3 ou 4 semanas, mas a coisa ta aqui já tem 3 meses, e não para de apertar, tem vez que até penso que ta pra sumir.. mas volta,  e aperta tudo de novo, e esse sentimento não finda, e disso se fez um nó...
Você virou o nó mais bonitinho que já habitou minha garganta.




Bárbara Jorge