sexta-feira, 18 de julho de 2014

Sobre a insistência e o amor

Às vezes é preciso renunciar, mesmo que sua vontade seja ficar ali quietinha para sempre até amanhã ou depois. Ceder demais as vezes parece que deixa de ser amor e vira desespero. Tentar segurar pelas mãos uma coisa que já tinha cheiro de partida desde o dia da chegada é inútil. Cativar o aparecimento do amor no ser amado é impossível. O outro não aprenderá a amar apenas porque você o ama. Amor não se cria, não se aprende, não se constrói, não ha formas de aprender a gostar de alguém, isso é papo furado, conversa que mãe falava naquela época em que casamento era arranjado. Amor nasce sem que a gente veja, não é coisa premeditada. Como qualquer outro sentimento ele é sem sentido, como o medo, quando vemos um abismo próximo, a mão gela, o coração palpita, mesmo sabendo que só vamos cair lá de cima se nos jogarmos de lá, mas não adianta, o sentimento de medo vem, sem nenhum motivo muito obvio, mas ele vem. O amor é igual, em meio a uma conversa tranquila dois olhares se cruzam e vem uma timidez lá de dentro do estomago que as vezes é tão forte que até colore as bochechas, a mão transpira e a boca faz esforço pra não sorrir sem motivo, tudo involuntário, tudo do nada, e de repente aparece alguém protagonizando nossos pensamentos sem que a gente queira, e assim como não tem jeito de fazer esforço pra começar a amar alguém, o contrário também é impossível, qualquer esforço seria em vão. O amor simplesmente nasce e da mesma forma acaba, como dizia Paulo Mendes Campos: "em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba." Mas as vezes, antes do amor acabar e mesmo que você não queira é necessário renunciar, porque a insistência desmedida pra alguém gostar de você além de ser inútil, ela mata o amor antes mesmo dele existir...







Barbara Jorge

terça-feira, 1 de abril de 2014

Te deixo.

Te deixo aqui, bem aonde você sempre esteve melhor, onde você sempre me caiu perfeitamente bem. A verdade, é que você sempre se torna mais bonito quando vai surgindo do meu papel em branco, e pouco a pouco, entre tortas palavras.. você vai aparecendo bem mais colorido que a realidade, isso aqui te faz ser mais magico, porque em algum momento, não me lembro quando, te coloquei em um pedestal imaginário bem acima de mim, e daqui debaixo você sempre me pareceu maior, mais encantador, mas quando te tirei daí e te observei no mesmo andar que eu, percebi que aquela realidade sensacional não passava de uma tentativa minha de te fazer melhor, pra que eu pudesse te achar perfeito pra mim, pra que eu justificasse o meu súbito encantamento e falta de ar, por alguém que sabe pouco sobre delicadezas.
Me deslumbrei pelo encaixe perfeito e pelo excesso de sorrisos na madrugada, pelo café na cama e pelas palavras alcoolizadas sempre ditas em tom doce, só de lembrar quase me deixo ir de novo, ou melhor, te obrigo a vir outra vez.
Mas uma hora o cansaço chega, nunca me vi buscar algo tanto assim, e cansa. Quando olho a coisa toda com distanciamento, me vem uma timidez e uma vergonha tão grande, que por isso, daqui pra frente, te deixo apenas aqui, onde essa historia pode continuar sendo magica, inviolável, onde ela permanecerá sendo o que nunca foi... real.
E se houver vontade de me buscar por ai, não deixe de vir, eu não disse que não quero mais, apenas falei sobre aquela parte sua que não existe, aquela que me faz querer ficar, é ela que deixo aqui, pra evitar futuros arranhões. A parte real pode vir, não tenho vontade de recusa-la, ela é tão pequena, que se continuar assim sem crescer.. não corre o risco de me causar danos.







Bárbara Jorge







segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Merci!

Você me encantou com sua delicadeza em falar de nós dentro de um possível futuro (apenas por ser educado).. me deixou com uma timidez gostosa, cada vez que dava aquele sorriso sacana entre um beijo e outro. Você me deixou com um tipo de insegurança que eu adoro sentir... e me fez rir mais vezes que o esperado. Você me trouxe de volta pra mim, mesmo depois deu achar que seria impossível uma volta assim, tão repentina... não é que eu esteja completamente curada daquilo tudo, pode ser que ainda não, mas pelo menos, depois de tanto tempo, eu estou aqui, em mim.. e não quero sair. Sabe, eu nem acho que nós vamos virar "nós" um dia, aparentemente não temos potencial para termos nada além das nossas madrugadas divertidas, ou da desculpa de vir buscar o óculos esquecido. Somos apenas peças perdidas de outras pessoas que nos esqueceram no meio do caminho, e sem querer nos encaixamos bem, você me trouxe paz e alívio, foi bem isso que senti ao descobrir que posso ter um desejo real por outro, que não seja aquele distante. Por isso te agradeço, porque mesmo sem tentar, ou saber, você me deu paz depois de um ano tão estranho emocionalmente (eu nem usava emocionalmente em alguma frase antes desse ano que passou). Essas noites da reta final, antes da minha ida, tinham tudo pra serem noites atormentadoras, cheias de ansiedade, mas você veio e me fez gargalhar em todas elas, me trouxe leveza... seu sorriso.. e essa sua fala mansa que tranquiliza até mulher de TPM, obrigada por saber aparecer e sumir nas horas certas, e por não ter feito esforço algum para que eu me apaixonasse, o que no começo me irritou, mas é fato que uma paixão agora poderia me confundir demais quando chegasse o dia 24. E por fim, obrigada por me mostrar que existe mais de um homem no mundo que sabe me deixar ser exatamente o que eu sou.












Bárbara Jorge