terça-feira, 1 de abril de 2014

Te deixo.

Te deixo aqui, bem aonde você sempre esteve melhor, onde você sempre me caiu perfeitamente bem. A verdade, é que você sempre se torna mais bonito quando vai surgindo do meu papel em branco, e pouco a pouco, entre tortas palavras.. você vai aparecendo bem mais colorido que a realidade, isso aqui te faz ser mais magico, porque em algum momento, não me lembro quando, te coloquei em um pedestal imaginário bem acima de mim, e daqui debaixo você sempre me pareceu maior, mais encantador, mas quando te tirei daí e te observei no mesmo andar que eu, percebi que aquela realidade sensacional não passava de uma tentativa minha de te fazer melhor, pra que eu pudesse te achar perfeito pra mim, pra que eu justificasse o meu súbito encantamento e falta de ar, por alguém que sabe pouco sobre delicadezas.
Me deslumbrei pelo encaixe perfeito e pelo excesso de sorrisos na madrugada, pelo café na cama e pelas palavras alcoolizadas sempre ditas em tom doce, só de lembrar quase me deixo ir de novo, ou melhor, te obrigo a vir outra vez.
Mas uma hora o cansaço chega, nunca me vi buscar algo tanto assim, e cansa. Quando olho a coisa toda com distanciamento, me vem uma timidez e uma vergonha tão grande, que por isso, daqui pra frente, te deixo apenas aqui, onde essa historia pode continuar sendo magica, inviolável, onde ela permanecerá sendo o que nunca foi... real.
E se houver vontade de me buscar por ai, não deixe de vir, eu não disse que não quero mais, apenas falei sobre aquela parte sua que não existe, aquela que me faz querer ficar, é ela que deixo aqui, pra evitar futuros arranhões. A parte real pode vir, não tenho vontade de recusa-la, ela é tão pequena, que se continuar assim sem crescer.. não corre o risco de me causar danos.







Bárbara Jorge