Me veio esses dias uma vontade enorme de te deixar ir, de deixar que isso morra em mim, da mesma forma que dei liberdade pra que nascesse.. deixar morrer todas as formas que te tenho na memoria, deixar de ver tantas coisinhas lindas entorno de um "nós" que já não existe faz tempo, deixar de ser tola, burra, boba... tão mulherzinha, e parar de pensar em seus olhos como se fossem complemento dos meus, parar de te sentir tão perto antes de dormir. Ainda sinto o beijo, aquele que você me ensinava a dar pra dizer boa noite, e eu nem sabia que relacionamentos tinham regras, mas tem, e eu deixei que você me ensinasse como era, e segui as regras, aprendi a te querer todos os dias, a não me cansar de você, aprendi que pra dormir tem que dar um beijo de boa noite, e que acordar junto tem que ser sorrindo, mesmo que seja de mentira, aprendi essas e todas as outras regras que você inventava pra me ter mais por perto, aprendi a me apegar e ter necessidade do ser amado por perto, não é bem assim? Você tinha tanta necessidade da minha presença, que as vezes eu não entendia, mas naquela uma semana você calado me fez aprender o que é "não estar", quando o corpo nada mais queria que apenas "estar". E eu aprendi, e tanto o fiz pra te ver, nos ver melhor, que não soube me distanciar disso tudo no fim, essa parte você também tentou me ensinar, mas não deu tempo, e com a sobra de espaços entre nós, ficou ainda mais difícil de aprender. E agora desejo te deixar ir como quem nunca veio, pois agora me deixo sentir todo o seu abandono desajeitado, mesmo ainda te vendo em cada gesto meu.
Bárbara Jorge
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